Afinal, onde está a tão almejada felicidade?
Afinal, onde está a tão almejada felicidade?
Creio que muitos de nós ansiamos por um caminho que finalmente nos leve ao fim do mágico arco-íris com seu pote de felicidade ao estilo “feliz para sempre”! Há dias em que pensamos ter encontrado, em outros temos a certeza de possuí-la, mas repentinamente nos sentimos tristes e vazios! Ficamos atordoados! Será que a felicidade não passa de uma ilusão?Nesta busca nos deparamos com pessoas supostamente felicíssimas e sentimos até mesmo uma certa inveja. E então quando nos aventuramos pelo suposto atalho percorrido e não a encontramos, caímos na decepção acreditando até que não a merecemos! Mas se somos diferentes, como podemos ser felizes com as mesmas coisas? Todos nós almejamos coisas boas como saúde, relacionamentos compensadores, estabilidade física e emocional, paz de espírito e tudo o mais que promova nosso bem estar, mas às vezes as coisas não acontecem como esperávamos e então na inflexibilidade só enxergamos o fracasso!Não podemos controlar acontecimentos e adversidades, mas talvez sem esses parâmetros nem saberíamos o que na verdade é estar feliz! Temos que nos sentir bem assumindo também a nossa infelicidade quando necessário, realizando a alquimia de transformá-la em uma experiência enriquecedora, e não num entrave a momentos felizes! Não podemos nos tornar um recipiente de lamentações transbordando pela vida afora! Vivemos sob regras e normas e parece que a felicidade não faz parte delas. Abdicamos de muitos sonhos saindo de nosso próprio contexto natural para nos encaixar e em muitas situações o máximo que conseguimos é amenizar a infelicidade... Felicidade não é algo que perseguimos, conquistamos e aprisionamos obtendo assim a certeza de sermos felizes pra sempre! Enclausurada ela perde sua essência e, além do mais, temos dificuldades em enxergá-la na mesmice, pois ela é a liberdade de singelos momentos de prazer que vão e que vem no fluir da vida, são emoções vividas em plenitude e que dependem muito do instante e de como estamos emocionalmente! O que nos faz feliz hoje pode não ter a mesma graça amanhã ou em todos os momentos na mesma intensidade! Felicidade é um estado de espírito que não deve estar condicionado a nada e nem a ninguém, pois se assim for estará criada uma relação de dependência que pode levar ao vazio e até ser auto-destrutiva. Temos que nos sentir felizes conosco mesmos e, assim, nossas conquistas se tornam um acréscimo à nossa felicidade. Ela também não está presa a um destino, mas está ao longo do caminho e acessível em várias situações! Não está no ter mas sim no ser! E se a sujeitarmos a resultados inflexíveis entraremos numa lista interminável de “só serei feliz quando isto ou aquilo acontecer”. Mas a vida é efêmera demais para colocarmos prazos e condições quando podemos ser felizes agora através de tantas pequenas possibilidades! Temos a necessidade de nos sentirmos felizes, mas primeiro temos que aprender a reconhecer a felicidade, sem nos preocuparmos com quanto tempo vai durar e sem ficarmos sabotando-a por medo da dependência ou de não suportar perdê-la! Somos dotados de consciência e liberdade de escolha. Podemos ser mais felizes do que todas as outras criaturas da natureza! Mas incrivelmente não somos! Contentamo-nos em ostentar a miséria quando podemos vangloriar-nos da alegria! Que insensatez!Temos que nos observar e levar a sério o compromisso de nos cuidarmos melhor, pois a exemplo da natureza, podemos notar que um jardim bem cuidado é uma alegre festa de formas, cores e perfumes que atraem mais vida!Gastamos tempo demais “ensaiando” a felicidade. Reservamos tantas coisas para ocasiões especiais... que quando nos damos conta elas continuam lá intactas, ultrapassadas e até inutilizadas. Não porque não tivemos momentos felizes, mas porque esperamos acontecimentos grandiosos! Que injustiça! Se olharmos com atenção à nossa volta, vamos perceber que a felicidade é uma possibilidade marota sempre à espreita, pronta a nos surpreender e fazer a festa, mas é preciso o olhar da inocência de nossa criança interior para poder enxergá-la, pois ela brinca de se esconder na simplicidade da vida! Podemos determinar o que é necessário para nos sentirmos melhor e agregá-lo à vida, e isso não significa de forma alguma algo muito produzido ou grandioso, pois a felicidade vem de carona na singeleza da vida! Tentar elaborá-la é tirar-lhe a candura inerente e a experiência do milagre sempre prestes a acontecer! Vamos agir conscientemente em favor dela e simplesmente aceitá-la tal como ela é: simples! Ela está ao alcance de nossas mãos quando a estendemos para abraçar, afagar, construir, ao alcance da boca quando proferimos palavras de afeto, gentilezas e sorrisos, ao alcance dos ouvidos quando nos permitimos ouvir a natureza e as pessoas com compreensão e sem julgamentos, ao alcance dos olhos quando nos permitimos enxergá-la tão perto! Está ao alcance do coração!Há dias em que estamos mesmo apáticos, nosso estado de ânimo sofre influências e devemos aceitar e respeitar isso em nós, mas estaremos bem se soubermos nos entender e conviver com isto; assim, no menor tempo possível, temos que nos elevar acima do desalento e para isso precisamos da coragem e do entusiasmo! Precisamos nos apaixonar pela vida... por nós... pelas pessoas... e pelo mundo todo apesar de toda a adversidade que nele existe! Temos que aceitar as pessoas e circunstâncias que são imutáveis, prestar mais atenção às nossas reações e entender que o que sentimos é nosso, não pertence à situação! Cada um de nós tem a capacidade de realizar o milagre de tornar a nossa vida mais agradável buscando satisfação mesmo nas coisas mais simples e rotineiras e para isso não podemos nos desviar de nós mesmos!Podemos buscar no autoconhecimento a mola propulsora que nos lançará ao nosso próprio entendimento e do mundo que nos rodeia, nos resgatando e reconhecendo também o potencial de nossa felicidade! E quanto mais nos aproximarmos de nós mesmos e da simplicidade da vida, mais perto estaremos de reconhecê-la e nos permitir a ela! É dentro de nós mesmos que está o fim do tal arco-íris, e compreender isso é finalmente ter acesso ao tesouro! Este é o início de um simples caminho que nos leva à felicidade incondicional que transborda e contagia, se multiplicando e irradiando alegria que se reflete em sorrisos que amenizam a dor!Não vamos desperdiçar nosso tempo lamentando pelas coisas que não deram certo ou tendo um ataque de nervos a cada decepção! Temos que achar graça em tudo sempre que possível pois felicidade é também conservar o bom humor apesar das intempéries da vida! É esboçar uma tentativa de sorriso em meio ao caos com a certeza de que tudo aquilo vai passar! Temos que estar presentes enquanto a vida acontece e nos ensina a viver! Deus nos deu o dom da felicidade por uma única razão: para que sejamos felizes! Dotou-nos também de criatividade e de capacidade de transformação, portanto vamos aceitar o presente e cumprir a nossa missão, celebrando com êxtase a nossa existência aproveitando cada MOMENTO, justamente onde a felicidade está!